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21 dias de ativismo pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas – Dia 16 – 05/12

Entre Vidas e Lutas: Mulheres, Autonomia e o Serviço Social em Movimento


O enfrentamento da violência doméstica, especialmente nos casos de reincidência, revela o
quanto o Serviço Social é indispensável na proteção, no fortalecimento e na emancipação
das mulheres. A atuação profissional, ao articular acolhimento, orientação e acesso às
políticas públicas e sociais, permite que essas mulheres reconheçam seus direitos,
compreendam o ciclo da violência e encontrem apoio para reconstruir sua autonomia. Em situações marcadas por medo, dependência financeira e fragilidade emocional, o Serviço
Social torna-se uma porta de entrada segura, capaz de oferecer acolhimento sensível,
mediação com a rede e construção coletiva de alternativas de vida, que venham a contribuir
de forma essencial para o rompimento com o ciclo das mulheres que são atingidas pela
violência.


Em consonância a este fato, a experiência do Estágio Curricular do Curso de Serviço Social
no Centro de Referência Especializado em Assistência Social do Município de Canguçu,
permitiu vivenciar, de maneira muito concreta, esse processo. Ao acompanhar as mulheres atendidas, foi possível identificar alguns fatores pontuais que corroboraram para a produção e reprodução da violência, fatores estes, que mantêm e marcam de maneira significativa este ciclo, tais como: dependências afetivas, econômicas e a falta de informação sobre direitos. Nesse cenário, a intervenção profissional precisava ir além do atendimento individual, exigindo articulação, presença e a construção de vínculos capazes de fortalecer cada mulher em seu processo de ruptura com a violência.


Iamamoto (2022) pontua que o Serviço Social contemporâneo deve articular teoria, crítica
social e ações mediadoras para enfrentar os determinantes sociais da questão social,
buscando criar condições para que os indivíduos ampliem sua autonomia e exerçam seus
direitos com dignidade. Essa perspectiva orientou toda a experiência de estágio, guiando o
olhar para a totalidade da vida das mulheres e para os condicionantes sociais que
moldavam suas trajetórias.


Foi nesse movimento que surgiu o Grupo de Apoio Doces Margaridas vinculados a este
serviço, espaço comunitário que mostrou-se indispensável para o fortalecimento e
enfrentamento à reincidência de violência. Por meio de atividades voltadas à autoestima,
saúde mental, direitos e autonomia financeira, o grupo favoreceu que as mulheres
identificassem o ciclo da violência e visualizassem possibilidades reais de ruptura. Assim,
esta ação reafirmou que o fortalecimento coletivo pode ser o ponto de partida para que cada
mulher retome sua própria história e avance em direção a uma vida livre de violência.

Assista o vídeo da Arena Sociológica em conjunto com o Observatório NOSOTRAS na campanha 21 Vozes, 21 Dias: https://www.youtube.com/watch?v=0G6hcWczGSA

Por Samara Moreira de Paula – Assistente Social e Mestranda do PPG – PSDH UCPel.


Referências:
IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação
profissional. São Paulo: Cortez, 2022. ISBN 978-65-5555-276-8.

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