Julho das Pretas: Sucesso de Mobilização e Programação Diversificada Avaliada Positivamente pelas Secretarias Municipais

As secretarias municipais de Igualdade Racial (SMIR) e de Políticas para as Mulheres (SMPM) avaliaram como positiva a execução do Julho das Pretas 2025, evento que se consolidou como um importante espaço de visibilidade e fortalecimento das pautas antirracistas e feministas no município. A programação, que se estendeu por todo o mês de julho, foi caracterizada por uma ampla e diversificada série de atividades, com destaque para a mobilização coletiva e a participação ativa de diversas entidades e movimentos sociais.

A iniciativa, que ocorre anualmente, tem como objetivo principal celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. Para as secretarias envolvidas, o sucesso do evento se deu, em grande parte, pela mobilização de 19 representações entre poder público, movimentos sociais, ativistas e entidades da sociedade civil, que contribuíram para a construção de um calendário de atividades que atendesse a diferentes públicos e fosse acessível a todos.

A construção coletiva do evento envolveu discussões sobre a identidade visual, estratégias de divulgação e a elaboração de um calendário de atividades sem sobreposição de eventos. Esse trabalho conjunto resultou em uma programação variada e de grande relevância, destacando a luta das mulheres negras e o fortalecimento das pautas de igualdade racial e de gênero.

Entre as ações realizadas, destacaram-se o lançamento do painel “Mulheres Negras na História de Pelotas: Princesa Preta do Sul”, a exposição “Pretas que Educam, Lutam e Inspiram”, a Marcha de Mulheres Negras da Região Sul, além de rodas de conversa e espetáculos culturais que promoveram reflexões sobre as contribuições de mulheres negras na construção da sociedade brasileira. Outras atividades importantes foram a V Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres e a III Conferência Municipal de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, que reuniram especialistas e ativistas para debater as políticas públicas e os avanços na promoção da igualdade.

O evento também contou com a participação de diversos grupos e movimentos, como o Coletivo Hildete Bahia (UFPel), Neabi IFSul/CAVG, UCPel-Neeprer, Odara (UFPel), Condim, CBTT, CMPTerPel, GAMP, a Secretaria Municipal de Educação e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), entre outros, que colaboraram para o sucesso da programação.

No Rio Grande do Sul, a Deputada Estadual Laura Sito entregou 300 Medalhas Preta Roza — uma homenagem de afirmação política às mulheres negras, que estão no centro das transformações sociais, mesmo quando o poder tradicional tenta apagar suas histórias. A medalha é símbolo da insurgência negra no sul do Brasil, mas também espelho de tantas mulheres que hoje resistem, criam caminhos, cuidam de suas comunidades e famílias, e constroem o futuro.

Preta Roza foi uma mulher que acompanhou Manuel Padeiro — o primeiro herói negro do Rio Grande do Sul — em suas batalhas por liberdade. A personagem é objeto de estudo e deverá ser reconhecida como a primeira heroína negra do estado, uma lacuna que ainda persiste.

O Observatório Nosotras esteve presente na cerimônia de entrega das medalhas em Pelotas, especialmente porque Diná Lessa Bandeira, uma das homenageadas, integra a equipe de comunicação do projeto. Também acompanhamos a roda de conversa com mulheres empreendedoras e lideranças, promovida pela Secretaria Municipal de Igualdade Racial. Como resultado da excelência do debate, foi criada uma rede de mulheres negras voltada ao autocuidado e ao bem viver.

Ao longo de todo o mês, o Julho das Pretas se consolidou como um importante momento de afirmação da luta das mulheres negras, com destaque para a reflexão sobre o papel da mulher negra na história e sociedade, além de ações afirmativas que buscam combater o racismo e promover a igualdade de oportunidades.

Com uma programação ampla e acessível, o evento cumpriu seu papel de chamar a atenção da comunidade para as questões que envolvem o feminismo negro e a igualdade racial, deixando um legado de conscientização e fortalecimento das pautas antirracistas no município.

Por Diná Lessa Bandeira – Bacharela em Biblioteconomia e mestre em Comunicação Social, integrante da Rede Sul de Proteção aos Direitos das Mulheres e Meninas e Ledeci

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