justiça para leandra vitória
No dia 23 de julho de 2025, no Fórum de Pelotas ocorreu o julgamento do feminicida de Leandra Vitória, morta de maneira premeditada e com requintes de crueldade. Leandra Vitória não é a única, cotidianamente mulheres têm sofrido esse tipo de violência no Brasil.
A família de Leandra Vitória, a frente feminista 8M, o Observatório NOSOTRAS, o GAMP (Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas), o COMDIM (Conselho Municipal de Direitos da Mulher) e outros tantos coletivos e pessoas individualmente, algumas que também sofreram recentemente violência de gênero, mas por sorte saíram vivas, se solidarizaram pelo acontecido e estiveram em vigília em frente ao Fórum durante o dia inteiro, até a divulgação da sentença, ao final da tarde.
Eva Santos, coordenadora do GAMP Feminista, relembra em sua fala que deve ser feito um alerta em relação ao cuidado que as mulheres devem tomar, pois neste ano de 2024, já ultrapassamos o número de quarenta feminicídios no Rio Grande do Sul, número muito expressivo.
É alarmante a situação de violência doméstica no Brasil, país que mais mata mulheres no mundo. Por isso, alertar para o que vem ocorrendo e para os cuidados necessários para evitar que mais sejam mortas, além de pautar essa questão nos mais diversos espaços para se pensar políticas públicas capazes de travar esse processo de extermínio, se faz de veras necessário.
As violências se expressam das formas mais sutis, confundindo-se com ciúmes como prova de amor, até chegar em violências explicitas, que deixam marcas, que ceifam vidas. Nenhum tipo de violência deve ser tolerado, não existem justificativas para tal, por isso, democratizar informações é fundamental para que as mulheres consigam se reconhecer em situação de violência e ter tempo para se salvar.
A Frente Feminista 8M é um exemplo de coletivo que tem feito esse trabalho informativo ao trazer um “termômetro da violência”, o qual demonstra os tipos de violência, que vai muito além de somente a violência física, e deste modo contribui para nos atentarmos e não sermos mais uma nas estatísticas gritantes de feminicídios.
No corpo da defesa da vítima Leandra Vitória, tivemos duas mulheres. A Advogada principal Tuane Tarques, mulher, negra, que luta pelos direitos das mulheres e em seu auxílio estava a Advagada Laura Cardoso, mulher, branca, que pertence à mesma luta pelas mulheres e que inclusive já foi vítima de intimidações na cidade de Pelotas no ano de 2023.
O desfecho da história aqui iniciada foi a condenação do feminicida de Leandra Vitória em 36 anos, 10 meses e 24 dias de prisão. Foi um alento para sua família que ali estava, mas não só: todas nós mulheres nessa sociedade machista, misógina e patriarcal, nos sentimos um pouco aliviadas ao ver a justiça sendo feita.
Ainda que saibamos que a luta contra a violência de mulheres e meninas, pelo simples fato de serem o que são, não anda em linha reta – é permeada por avanços e retrocessos – um acontecimento como o desse dia com uma conclusão como a que tivemos, nos faz ver que a luta vale a pena, nos dá fôlego para seguir gritando em coro: Basta, feminicídio zero!
Por Eva Santos – Coordenadora do GAMP Feminista, Janaina da Silva Guerra – Assistente Social da Universidade Federal de Pelotas e Doutora em Política Social e Direitos Humanos e Rafaela Cedres Dias – Graduanda em Serviço Social pela Universidade Católica de Pelotas, bolsista de extensão do Observatório NOSOTRAS.
