Calendário Feminista – 06/09 Dia Internacional de Ação pela Igualdade da Mulher

Dia Internacional da Igualdade da Mulher: A importância de um dia de luta e reflexão:

O Dia Internacional da Igualdade da Mulher é uma data crucial para celebrarmos as
vitórias alcançadas e, ao mesmo tempo, reforçarmos a luta contra as desigualdades que
ainda persistem. É um momento de honrar o legado de mulheres que vieram antes de nós e
de reafirmar nosso compromisso em construir um futuro mais justo e equitativo para todas.

A desigualdade de gênero se manifesta de várias formas, desde a violência física e
psicológica até a disparidade salarial e a falta de representatividade em cargos de poder.
Esses desafios são ainda mais acentuados quando olhamos para as intersecções de raça,
classe e localização, como evidenciado pela situação das mulheres em áreas periféricas e
afetadas por desastres naturais, como a enchente de maio de 2024 no Rio Grande do Sul.

A Luta por um Futuro Mais Justo: Mulheres Negras e Indígenas

A busca pela igualdade é ainda mais complexa para mulheres negras e indígenas, que
enfrentam uma dupla ou tripla discriminação. A herança do racismo e do colonialismo gera
desafios específicos que precisam ser abordados com urgência e de forma estratégica.

● Mulheres Negras: No Brasil, apesar das leis de cotas nas universidades, as mulheres
negras ainda são as que mais sofrem com a precarização do trabalho e a violência. A
maioria dos empregos domésticos, por exemplo, é ocupada por elas, muitas vezes sem
direitos trabalhistas. Além disso, são as que mais perdem a vida para o feminicídio. A
maternidade para as mulheres negras exige não apenas cuidado com os filhos, mas
também a luta diária para garantir que eles tenham acesso à saúde, à educação e,
principalmente, à segurança.

● Mulheres Indígenas: Muitas mulheres indígenas enfrentam a desintegração de suas
comunidades, a perda de suas terras e o apagamento de suas tradições. A violência
contra elas, seja nas aldeias ou em centros urbanos, é um problema grave, muitas vezes
subnotificado. O acesso a serviços básicos de saúde, educação e assistência social
ainda é um desafio imenso.

Conquistas e o que precisamos avançar:

Apesar dos desafios, é fundamental reconhecer as conquistas. As mulheres, incluindo as
negras e indígenas, têm alcançado um número maior de matrículas nas universidades,
mas a realidade de um salário digno ainda é para poucas. A Lei Maria da Penha é uma das
conquistas mais significativas para o combate à violência contra a mulher, mas sua
implementação e a criação de redes de apoio efetivas ainda precisam avançar.

Para combater essa realidade e avançar em direção a um país mais justo, é fundamental
implementar e fortalecer políticas públicas que atendam a todos, com um olhar especial
para as mais vulneráveis. Algumas ações essenciais incluem:

● Acesso à educação e ao cuidado infantil: A criação de creches em tempo integral é
crucial para que as mães possam estudar, trabalhar e ter uma vida digna.

● Acesso à saúde de qualidade: Garantir que exames essenciais como a mamografia e
o Papanicolau sejam acessíveis, rápidos e gratuitos é uma questão de saúde pública e
de respeito à vida das mulheres.

● Fortalecimento da rede de apoio: Promover rodas de conversa, grupos de apoio e a
articulação de serviços de emergência, como a Patrulha Maria da Penha, são ações
vitais para garantir que as mulheres saibam onde buscar ajuda.

● Cultura, lazer e liderança: Mapear e fortalecer as atividades culturais e artísticas
locais, além de promover a liderança de mulheres, especialmente as mais experientes, é
essencial para criar um senso de comunidade e empoderamento.

A união de esforços entre associações de moradores, unidades de saúde (UBS), CTGs,
clubes, grupos religiosos e até mesmo escolas privadas pode ser um caminho para expandir o
acesso a serviços, cursos e oportunidades, fortalecendo a rede de atendimento às mulheres e
construindo um futuro mais igualitário para todos.

Por Luciana Custódio e Sandra Farias da Coordenação da Associação FeMeni RS