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21 dias de ativismo pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas – Dia 10 – 29/11

As plataformas digitais se tornaram parte fundamental da vida social contemporânea. São espaços de produção de sentidos, de interação, de disputa política e também de violência. Entre as expressões mais preocupantes que emergem no ambiente digital, a violência de gênero online ocupa um lugar central. Longe de ser um fenômeno superficial ou restrito ao “mundo virtual”, ela produz efeitos concretos na vida das mulheres, impactando sua saúde mental, sua participação pública e sua segurança.

A lógica algorítmica das plataformas favorece a circulação de conteúdos sensacionalistas, agressivos e moralizantes. Esses conteúdos frequentemente se dirigem a mulheres, sobretudo às que ocupam espaços de visibilidade, às defensoras de direitos humanos, às jornalistas, pesquisadoras, artistas e às mulheres comuns que ousam se pronunciar. O ataque não é aleatório: ele se organiza em torno de discursos que buscam controlar corpos, limitar vozes e reforçar hierarquias de gênero.

A violência de gênero online assume múltiplas formas: assédio, ameaças, manipulação de imagens, vazamento de dados pessoais, campanhas de difamação, perseguição digital, invasão de privacidade e ataques coordenados. Em muitos casos, essas práticas se articulam com violências offline, reforçando ciclos de medo, silenciamento e retração da presença pública feminina.

Reconhecer a gravidade do problema exige compreender que a internet não é neutra. Ela é atravessada por disputas políticas, econômicas e morais, e opera de maneira a amplificar discursos de ódio e práticas de controle. A defesa dos direitos das mulheres na esfera digital demanda políticas de enfrentamento, educação midiática, responsabilização de plataformas e a construção de redes de apoio.

Nos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, reafirmamos que estar online não deve ser sinônimo de estar exposta ao ataque. Estar na rede deve ser sinônimo de liberdade, segurança e expressão. E isso só será possível quando a violência de gênero digital deixar de ser naturalizada e passar a ser combatida de forma firme, coletiva e contínua.

Assista o vídeo da Arena Sociológica em conjunto com o Observatório NOSOTRAS na campanha 21 Vozes, 21 Dias: https://www.youtube.com/watch?v=CaniOhbfn6A

Por Raíssa Ferreira Miranda – Advogada – Mestra PPG–PSDH/UCPEL

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