Dia 16 – Um Chamado Urgente Por Dignidade E Igualdade: A Violência Contra Mulheres Trans – 5 de Dezembro
Nos tempos atuais, vivencia-se o recrudescimento do preconceito, alicerçado em pautas morais e de costumes, alavancado por vieses religiosos que prescrevem condutas e orientam discursos nesse sentido. É neste contexto que a violência tem se destacado como um recurso para impor manifestações discriminatórias a diversos grupos e segmentos societários, dentre eles a população LGBTQIAPN+.
Assim, evidencia-se a violência contra mulheres trans. Sendo uma questão urgente, complexa e multifacetada que reflete a discriminação e o preconceito estrutural enraizados em nossa sociedade. Mulheres trans são marginalizadas e enfrentam uma dupla estigmatização: por serem mulheres e por sua identidade trans. Essa interseção de opressões as coloca em uma posição de extrema vulnerabilidade, resultando em altos índices de violência física, psicológica e sexual.
Frequentemente, o ciclo de violência começa dentro de casa, no ambiente familiar onde a rejeição é comum. Sem apoio, muitas delas são forçadas a abandonar seus lares, tornando-se vulneráveis a situações de risco nas ruas. Tal exclusão social é agravada pela escassez de oportunidades, sejam elas: enfrentando a falta de emprego e a discriminação no mercado de trabalho empurram muitas para atividade em contextos perigosos, como a prostituição, onde estão constantemente expostas à violência.
Podemos destacar ainda, a violência institucional que agrava a situação, intensificando a opressão. O Estado, através da força policial, que deveria as proteger, muitas vezes perpetua a violência, seja por negligência, seja por meio de abusos diretos ou pela omissão em investigar crimes contra suas vidas. O sistema de saúde, muitas vezes, também falha, ao não preparar seus profissionais, que por despreparo ou preconceito, negam e/ou limitam o acesso a um atendimento adequado, inclusivo e digno, vitimando-as ainda mais.
A mídia, por sua vez, contribui para a perpetuação da violência quando retrata mulheres trans de maneira estereotipada e sensacionalista. Essa representação negativa acaba reforçando estigmas, legitimando atos de violência. A ausência de representações positivas agrava o isolamento social e alimenta a discriminação.
É imperativo combater essa realidade, para tal é essencial promover a educação e educação em direitos humanos, para uma conscientização sobre questões de gênero e diversidade desde a mais tenra idade. O desenvolvimento de políticas públicas inclusivas e de programas, para além da punição por leis mais rigorosas meramente retributivas, que permitam aos que cometem crimes de ódio e transfobia avaliar a sua conduta pelo prisma dos que foram afetados, ressignificar, reparar os danos e endireitar as coisas, no que couber e for possível. Além disso, é crucial apoiar e fortalecer organizações que trabalham na defesa dos direitos das pessoas trans, e ainda, ampliar oferta de redes que deem suporte psicológico e social para as vítimas de violência são passos cruciais para a construção de uma sociedade mais justa.
A luta contra a violência às mulheres trans, é acima de tudo, uma luta por dignidade, respeito, igualdade e cidadania plena. É um chamado para que a sociedade reconheça e celebre a diversidade como uma riqueza, garantindo a todas as pessoas o direito de viver sem medo.
“UM VIVA A QUEM LUTA PRA EXISTIR E RESISTIR TODO DIA!”
Keila Simpson
Presidenta da ANTRA
Por Rosemeri de Freitas U. Amaral – Assistente Social da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFPEL. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos, Integrante do Grupo de Pesquisa: Política Social, Programas de Transferência de Renda, Gênero e Pobreza – UCPEL. Endereço eletrônico: rosemeri.amaral@sou.ucpel.edu.br Currículo lattes:
http://lattes.cnpq.br/7786054459667538
E, Queles Cristina Silva de Braz – Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pelotas. Supervisora da Sede Avançada do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSCON – em Pelotas. Integra o Grupo de Trabalho para Ações em Direitos Humanos, Equidade de Gênero, Raça e Diversidades da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul – GTDH/SJRS e do Grupo de Pesquisa: Políticas Educacionais, Desigualdades Sociais e Diversidade Cultural – UCPEL. Endereço eletrônico:
queles.braz@sou.ucpel.edu.br Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8030598038471246
REFERÊNCIAS:
BENTO, B. (2008). “A Reinvenção do Corpo: Sexualidade e Gênero na Experiência Transexual”. São Paulo: Editora Unesp.
COLLING, Leandro. A igualdade não faz o meu gênero – Em defesa das políticas das diferenças para o respeito à diversidade sexual e de gênero no Brasil. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 3, n. 2, jul.-dez. 2013, pp. 405-427.
SILVA, Anabella Pavão da. Notas sobre o Feminismo, o Transfeminismo e a Política Brasileira. COR LGBTQIA+, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 42–67, 2022. Disponível em: https://revistas.ceeinter.com.br/CORLGBTI/article/view/518. Acesso em: 1 dez. 2024.
ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais – A Maior Rede de
Pessoas Trans do Brasil.
Sugestão de Documentário: “O céu é TRANS | Documentário”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8mBd0s9lK3A