Evento do Observatório NOSOTRAS no Agosto Lilás

No dia 14 de agosto de 2025 foi realizado pelo Observatório NOSOTRAS de Enfrentamento à Violência contra Mulheres na Zona Sul do RS, na Universidade Católica de Pelotas, o evento de lançamento do Segundo Boletim Técnico e do Pré-Lançamento da Campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, contando com um público de mais de noventa pessoas. O evento teve como objetivo sensibilizar o poder público e a comunidade regional para a urgência de formação de uma nova cultura antimachista e antipatriarcal por meio da conscientização, e de políticas públicas de atendimento às mulheres em situação de violência, que assegurem a prevenção, proteção e combate a este tipo de violação dos direitos humanos, bem como, de promover o fortalecimento de uma rede de enfrentamento à violência contra mulheres e meninas na zona sul do Rio Grande do Sul.

Em um primeiro momento foi exposto um vídeo motivacional sobre o Agosto Lilás, produzido pela Arena Sociológica, um projeto de extensão parceiro do Observatório Nosotras. Na sequência, foram convidados para a mesa de abertura a Diretora do Centro de Ciências Sociais e Tecnológicas da UCPEL, Profa. Dra. Ana Cláudia Vinholes, o Coordenador da Extensão e Educação Continuada da UCPel, Prof. Dr. Daniel Schuch, a Coordenadora do curso de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos da UCPel, Profa. Dra. Mónica de La Fare, e a Coordenadora do Observatório NOSOTRAS e professora do curso e Serviço Social e do PPG em Política Social e Direitos Humanos da UCPel, Profa. Dra. Vini Rabassa da Silva. As contribuições da mesa de abertura, foram de extrema importância, demarcando que o ambiente acadêmico se faz presente no enfrentamento da violência de gênero.

Estiveram presentes algumas autoridades e representantes de instituições, como Adriana Teixeira – Cáritas Arquidiocesana de Pelotas, Diná Bandeira – Rede Sul de Defesa dos Direitos das Mulheres, Doris Schuch – 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, Eleonara Mascarenhas – Defensoria Pública, Ester Dias – Conselho da Mulher de Morro Redondo, Eva Santos – GAMP Feminista, Fernanda Miranda  – Vereadora e da Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal de Pelotas, Fernanda Thiel – Patrulha Maria da Penha de Pelotas, Janaina da Silva Guerra – PROAF UFPEL, Julio Domingues – Secretário de Igualdade Racial de Pelotas, Lorena Corrêa Braga – Gestora do Juizado da Violência Doméstica de Rio Grande, Márcia de Almeida – CETRES, Neusa Ledesma  – Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jjurídica, Suleima Bredow – Coordenadora Técnica Regional da SUSEPE. Além das autoridades que fizeram a composição da mesa de debate, Cláudia Peixoto – Superintendente de Direitos Humanos da SMASDH de Rio Grande, Francisca de Jesus – COMDIM Pelotas, Maria de Lourdes Lose – Coordenadoria de Políticas para Mulheres de Rio Grande e Marielda Medeiros – Secretária de Políticas para Mulheres de Pelotas.

A Profa. Dra. Christiane Russomano Freire, professora do Curso de Direito e do PPG em Política Social e Direitos Humanos da UCPel e integrante da Comissão Técnica do Observatório Nosotras apresentou os dados do II Boletim Técnico, que abrange o ano de 2024 e os primeiros seis meses do ano de 2025. Os dados fazem um recorte sobre a violência nos 22 municípios da Zona Sul, sendo extraídos do Observatório de Segurança Pública do RS. A professora alertou para a existência de subnotificações, bem como, para a permanência da violência na Região, com dados alarmantes. No período analisado, ocorreram 1981 ameaças, 1491 lesões corporais, 164 estupros, 18 feminicídios tentados e 10 feminicídios consumados, nos 22 municípios da Zona Sul do Estado.  As porcentagens da correlação entre a zona sul e o restante do RS também assustam, sendo os 22 municípios responsáveis por 13,8% dos feminicídios consumados, 7,6% dos feminicídios tentados, 6,6% dos estupros, 7,9% das lesões corporais e 6,3% das ameaças, no estado do Rio Grande do Sul.  Estes indicadores são essenciais tanto para expor a gravidade, a permanência e a complexidade do fenômeno da violência contra mulheres e meninas no contexto regional, como para reforçar a importância da luta de todas e todos, de instituições estatais e organizações da sociedade civil no combate a essas violências.  

As autoridades convidadas, sendo duas de cada uma das maiores cidades da metade sul do RS – Pelotas e Rio Grande, trouxeram apontamentos necessários, como as preocupações com as violências de gênero que estão crescendo, e da necessidade de políticas de estado e não de governo, para que a luta não seja em vão, que a conquista de uma secretaria de política para as mulheres permaneça, que os crimes de feminicídios sejam identificados como tal, e não escondidos atrás de outros delitos, que a educação nas escolas seja não-sexista, que os jovens aprendam, desde a escola, que a violência contra a mulher é uma barbárie, pois atualmente os índices de violência incluem, entre os autores, jovens de 13 anos, que a praticam dentro do próprio ambiente escolar.  

A seguir, o coordenador do Grupo de Pesquisa Laboratório Social de Administração da Justiça, Conflitos e Tecnologias, professor do curso Direito e do PPG em Política Social e Direitos Humanos da UCPEL, Doutor Aknaton Toczek Souza, apresentou o Pré-Lançamento da Campanha 21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas. O professor destacou que com essa epidemia de feminicídios que viemos enfrentando, com uma forte onda de comunidades machistas e misóginas, é nosso dever entender e saber identificar o quanto a sociedade brasileira está envolvida nessa realidade destrutiva da humanidade, e em especial do gênero feminino. A partir dessa ideia, o professor embasado em sua pesquisa sobre a tecnologia e o machismo incluso na internet, por meio de comunidades chamadas “Red Pill”, por exemplo, destacou a crescente violência por meio das redes sociais, propondo o fortalecimento da Campanha nacional dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres, com ênfase para a comunidade digital. Para isso a Arena Sociológica, que e é um braço do Grupo de Pesquisa, irá se somar ao já realizado em anos anteriores pelo Observatório, ampliando com a produção de vídeos, painéis e mesas redondas on line, cartilha e roteiros a serem desenvolvidos com metodologias ativas, que poderão ser usados em escolas para alcançar diretamente a juventude. Por fim, o professor apresentou um vídeo para demonstrar como a produção será dirigida para alcançar a juventude, o qual foi muito bem recepcionado pelo público presente pela inovação e possibilidade de fortalecer a Campanha em espaços onde a maioria dos Conselhos, movimentos e organizações feministas existentes ainda não conseguiram atingir.  

No encerramento do evento a coordenadora do Observatório destacou a importância e agradeceu a participação de todos e de todas, e disponibilizou os contatos do Observatório e da Arena Sociológica, para que possam ser feitas sugestões e solicitações de material, ou de outras formas de apoio para atividades de enfrentamento à violência contra mulheres e meninas na região de abrangência do Observatório Nosotras.

Por Rafaela Cedres Dias – Graduanda em Serviço Social pela Universidade Católica de Pelotas e Bolsista de Extensão do Observatório NOSOTRAS e Vini Rabassa – Assistente Social, Doutora em Serviço Social, professora do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos e do Curso de Serviço Social da Universidade Católica de Pelotas e coordenadora do Observatório NOSOTRAS.

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