21 dias de ativismo pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas – Dia 17 – 06/12

Como homem e pesquisador que atua no campo da violência de gênero, o Dia do Laço Branco, em 6 de dezembro, é para mim um lembrete incômodo e necessário: nós, homens, não somos “aliados opcionais” na luta contra a violência contra mulheres e meninas. Somos parte do problema e, portanto, temos a responsabilidade direta de ser parte da solução.

A campanha do Laço Branco nos convoca a três compromissos básicos — não cometer, não tolerar e não silenciar a violência. Isso significa ir muito além do gesto simbólico. Implica questionar piadas, “brincadeiras”, comentários nos grupos de WhatsApp, práticas institucionais, formas de socialização entre amigos, familiares e colegas. Implica, sobretudo, reconhecer que a violência de gênero não é um desvio individual, mas expressão de uma estrutura que organiza poder, afeto e corpos de forma hierárquica.

Falar em masculinidade tóxica e cultura misógina não é “atacar os homens”, mas denunciar um modelo específico de homem: aquele que não pode chorar, que precisa dominar, que aprende a desejar controle e a provar sua virilidade pela força, pelo risco, pela humilhação do outro. Esse modelo mata mulheres, mas também adoece homens — em índices de suicídio, mortes violentas, encarceramento, abuso de álcool e drogas, dificuldade de construir vínculos afetivos cuidadosos.

Assumir o Laço Branco, portanto, é um gesto ético e político de autocrítica. É admitir que fomos socializados em um padrão que produz dor e que precisamos reaprender a ser homens em chave de cuidado, responsabilidade e igualdade. A pergunta que fica é direta: que tipo de masculinidade estamos dispostos a abandonar — e que tipo de humanidade queremos construir em seu lugar?

Assista o vídeo da Arena Sociológica em conjunto com o Observatório NOSOTRAS na campanha 21 Vozes, 21 Dias: https://www.youtube.com/watch?v=_f-syFbJVpk

Por Aknaton Toczek Souza – Professor de Direito e do PPG de Política Social e Direitos Humanos da UCPel

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