21 dias de ativismo pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas – Dia 03 – 22/11
As mulheres indígenas atravessam séculos de enfrentamento à violência cultural e institucional que tenta silenciar suas vozes, apagar seus saberes e romper os elos que sustentam seus povos. Essa violência não se manifesta apenas em agressões físicas ou verbais, mas também nos mecanismos de poder que deslegitimam suas práticas ancestrais, desconsideram suas formas próprias de organização social e negam seus direitos originários.
No entanto, as mulheres indígenas permanecem como guardiãs da memória coletiva, defensoras do território, da fauna e da flora, e pilares das lutas por dignidade. Ao mesmo tempo em que enfrentam invasões, discriminação e políticas públicas insuficientes, elas seguem reafirmando identidades, revitalizando línguas e transmitindo conhecimentos que fortalecem as novas gerações. Sua resistência nasce da profunda conexão com a terra — território que não é apenas espaço físico, mas fonte de vida, espiritualidade e continuidade cultural.
Nas aldeias, nas retomadas, nas universidades e nos espaços de decisão, essas mulheres ocupam lugares historicamente negados, reivindicando participação e denunciando as estruturas que perpetuam desigualdades. Ao desafiar o silenciamento imposto pelas instituições, elas rompem barreiras e reacendem o compromisso coletivo com a justiça, a autonomia e a proteção de seus modos de existir.
Assim, as raízes de resistência das mulheres indígenas não apenas sustentam seus povos, mas inspiram toda a sociedade a reconhecer a urgência de combater a violência cultural e institucional. Sua luta é, ao mesmo tempo, afirmação de vida, de memória e de futuro.
Assista o vídeo da Arena Sociológica em conjunto com o Observatório NOSOTRAS na campanha 21 Vozes, 21 Dias: https://youtu.be/4zV_UcjLDSI?si=74kSzswcy4_U7kwU
Por Janaina da Silva Guerra – Assistente Social da Universidade Federal de Pelotas e Doutora em Política Social e Direitos Humanos
