| |

21 dias de ativismo pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas – Dia 05 – 24/11

No contexto dos 21 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência de Gênero, discutir a violência no namoro entre jovens é urgente. Ainda que muitas vezes romantizada, a ideia de “ciúme como prova de amor” tem servido como porta de entrada para relações abusivas que, silenciosamente, moldam a percepção afetiva de milhares de adolescentes e jovens no Brasil.

A cultura patriarcal — persistente, mesmo sob discursos contemporâneos de igualdade — segue ensinando meninas a tolerarem o inaceitável, e meninos a naturalizarem o controle como parte de sua identidade masculina.


O ciclo da violência, já amplamente estudado, costuma se instalar de maneira sutil nos relacionamentos juvenis: começa com a exigência de senhas, o monitoramento das redes sociais, a desqualificação de amizades, críticas ao modo de vestir. Esses atos, muitas vezes minimizados como “preocupação”, revelam a dinâmica central da violência de gênero: a tentativa de subordinação da mulher. O discurso do amor romântico — sacrifical e possessivo — opera como ferramenta ideológica que legitima o controle.


É preciso reconhecer que a violência no namoro não é um “problema privado” nem “coisa de adolescente”, mas uma face precoce do continuum de violências que vitimiza mulheres ao longo da vida. Ignorar esses primeiros sinais significa alimentar uma cultura que normaliza o abuso e perpetua desigualdades estruturais – legitimando a violência às meninas e mulheres.


Nesse sentido, a educação para as relações igualitárias deve ocupar lugar prioritário nas escolas, nas famílias e nas políticas públicas. Não basta ensinar meninas a “identificar sinais”; é necessário ensinar meninos a abandonar práticas machistas e compreender o consentimento, o respeito e a autonomia como bases mínimas de qualquer relação. As plataformas digitais também servem como ponte para implantar conteúdos que alertam e conscientizam essas vítimas.


Amor não é vigilância, não é posse, não é medo. Nos 21 Dias de Ativismo, reafirmar esse princípio é um ato político: romper com séculos de silenciamento e construir, com coragem coletiva, um futuro onde jovens possam amar sem sofrer — e viver sem ser controladas.

Assista o vídeo da Arena Sociológica em conjunto com o Observatório NOSOTRAS na campanha 21 Vozes, 21 Dias: https://youtu.be/cR0SnbdJsyA?si=RzL-c_16Dgu_YRHJ

Por Laura Alves Menon – Internacionalista Pós-Graduada em Criminologia e Advogada – Mestranda PPG-PSDH/UCPEL

Posts Similares