21 dias de ativismo pelo fim da violência contra Mulheres e Meninas – Dia 06 – 25/11
No dia 25 de novembro, o mundo volta seu olhar para a luta das mulheres contra todas as formas de violência. Essa data nasceu da memória viva das irmãs Mirabal – “Las Mariposas” – codinome utilizado por elas, três mulheres que ousaram enfrentar uma ditadura brutal na República Dominicana.
Patria, Minerva e María Teresa Mirabal foram perseguidas, torturadas e assassinadas em 1960 pelo regime de Rafael Trujillo. Não eram heroínas distantes, mas mulheres de seu tempo – estudantes, mães, trabalhadoras, militantes políticas. Mulheres que compreenderam que a opressão instalada no Estado repercute também nos lares, nos corpos e nas vidas femininas. O regime tentou silenciá-las, mas elas se tornaram símbolo de resistência.
As Mariposas não são apenas um fato histórico: são uma memória política que atravessa fronteiras e que se multiplicou nos movimentos feministas da América Latina, que, nas décadas seguintes, reivindicaram o 25 de novembro como dia de enfrentamento à violência de gênero.
Foi essa trajetória de luta que impulsionou, em 1991, a criação da campanha internacional 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero e inspirou mulheres do mundo inteiro a conectarem suas histórias pessoais às lutas coletivas por dignidade e justiça. No Brasil, essa mobilização se ampliou: os 21 Dias de Ativismo reafirmam que nossa realidade é marcada por desigualdades raciais, territoriais e de classe, e que a violência contra mulheres e meninas não pode ser compreendida fora desses atravessamentos.
Ao lembrarmos as Mariposas hoje, não estamos apenas retomando um marco do passado. Estamos reivindicando uma memória que denuncia, uma memória que reconhece:
• que a violência que atinge as mulheres é estrutural;
• que não se limita ao âmbito doméstico;
• que está enraizada em sistemas de poder que, historicamente, tentam nos calar.
O 25 de novembro nos convoca a esse exercício permanente: honrar as mulheres que vieram antes, sustentar as lutas do presente e abrir caminhos para que as gerações futuras possam viver sem medo. As Mariposas nos ensinaram que a coragem não nasce do impossível – nasce do compromisso com a vida, da recusa à injustiça e da certeza de que nenhuma tentativa de silenciamento consegue apagar uma história que encontra eco em muitas vozes.
Hoje, seguimos multiplicando esse eco. Que cada mulher que rompe o silêncio, cada comunidade que se organiza, cada política pública que se concretiza, seja mais um passo que se junta às Mariposas. Porque a violência contra mulheres e meninas não é destino; é sistema. E sistemas podem – e devem – ser transformados.
Enquanto uma mulher ainda for violentada, nenhuma de nós estará realmente livre.
Assista o vídeo da Arena Sociológica em conjunto com o Observatório NOSOTRAS na campanha 21 Vozes, 21 Dias: https://www.youtube.com/watch?v=hRTaJfiBUcQ
Por Cristiani Ricordi – Assistente Social e Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos – UCPEL.
Referências:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) (org.). INFORMATIVO Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. [201-]. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/informe/25_de_novembro.pdf#:~:text=A%20data%20de%2025%20de%20novembro%20%C3%A9,ditadura%20de%20Le%C3%B4nidas%20Trujillo%20na%20Rep%C3%BAblica%20Dominicana.. Acesso em: 24 nov. 2025.
